Entenda o significado e a relação entre a sustentabilidade e a agenda ESG nas empresas.
Você já teve a sensação de conhecer muito sobre sustentabilidade mas quando é questionado sobre o assunto você trava e não consegue aprofundar a conversa? Fica em dúvida sobre a relação entre ESG, sustentabilidade e outras expressões cada vez mais comuns no mercado? Ou então você até entende sobre o tema, mas na hora de aplicar essa conversa aos negócios não sabe por onde começar?
Calma! Esses questionamentos são mais comuns do que você imagina, afinal, o tema é atual, abrangente, complexo e está em constante mudança. Exemplo disso foi uma pesquisa realizada pela XP (2022) com seus clientes, pessoa física, que revelou que 53% deles “não possuem nenhum conhecimento” ou “sabem muito pouco sobre ESG”. Os que declararam “saber muito sobre ESG” representavam somente 4% dos entrevistados nesse levantamento.
Embora o tema ESG venha ganhando força em todo o mundo, colocando governos e empresas em discussões mais avançadas, ainda há muito a ser feito, principalmente no que tange educação e disseminação de conhecimento, ações que podem contribuir para ampliar o repertório da sustentabilidade dos cidadãos.
Em seguida, saiba mais sobre sustentabilidade e ESG, com esclarecimentos que vão do básico até uma visão mais aprofundada, de maneira leve e direta.
O que é sustentabilidade?
John Elkington, criador do famoso Triple Bottom Line nos anos 90, entende sustentabilidade como “o conjunto de aspectos econômicos, sociais e ambientais”. Ou seja, é a capacidade de continuidade no longo prazo por meio da inclusão de critérios que buscam o equilíbrio e a geração simultaneamente de benefícios ambientais, sociais e econômicos.
Há vários outros conceitos de pensadores e especialistas no tema e um deles é da Gro Brundtland que aponta a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo, trazendo à tona a necessidade de uma nova relação do ser humano com o meio ambiente.
Basicamente, sustentabilidade diz respeito a como manter negócios viáveis e relevantes para a sociedade e o meio ambiente, de maneira duradoura. Mais do que reduzir impactos negativos, também diz respeito a como estabelecemos uma agenda de impactos positivos para regenerar os ecossistemas naturais e sociais.
Como o ESG está conectado à sustentabilidade?
Desde 2018 o termo ESG (ambiental, social e governança) vem assumindo uma posição de destaque na agenda empresarial. Muito se deve ao mercado de capitais, que tem adotado a governança socioambiental das empresas como um requisito para investimentos. Podemos compreender o ESG como uma plataforma que acelera a inclusão das lentes da sustentabilidade em uma organização, para além dos aspectos econômicos.
Em outras palavras, o ESG define novos critérios que investidores passaram a considerar na hora de avaliar o desempenho dos negócios. Se os resultados financeiros já eram premissas importantes, agora também são levados em consideração os aspectos ambientais, sociais e de governança do negócio.
Mas vale sempre lembrar que, quando falamos de sustentabilidade, também estamos falando sobre desempenho econômico. O ESG traz um foco maior em temas que, em geral, ainda não estão no mesmo nível de gestão e resultados que o financeiro, justamente para equilibrar essa conta.
A agenda ESG propõe um jeito diferente de pensar e fazer negócios, com maior responsabilidade pelo todo, que considera resultados ambientais e sociais assim como os financeiros para contabilizar a sua prosperidade.
Para compreender melhor, veja alguns exemplo de variáveis que integram o ESG:
- Ambiental: uso de recursos naturais como água e materiais, emissões de gases de efeito estufa, eficiência energética, poluição, gestão de resíduos e efluentes, biodiversidade, design circular.
- Social: relações de trabalho, inclusão e diversidade, engajamento e desenvolvimento dos colaboradores, direitos humanos, relações com comunidades e cadeia de fornecedores, privacidade e proteção de dados.
- Governança: estruturas de conselhos e comitês, práticas anticorrupção e de transparência, engajamento de públicos de relacionamento, códigos e políticas, gestão de riscos, sistemas de compliance, monitoramento e confiabilidade de informações.
Por quê a agenda ESG importa para os negócios?
Combinar as lentes da sustentabilidade ao negócio é um movimento necessário, importante e decisivo para a prosperidade de empresas. Pensando nisso, separamos alguns bons motivos para você compreender a relevância:
- Movimentos dos mercados de investimento – Os mercados de investidores têm migrado recursos para empresas que apresentam bons resultados de gestão ambiental, social e de governança.
- Gestão de riscos – Esse passa a ser um pilar ainda mais forte na organização que integra as lentes da sustentabilidade. E aqui entram desde questões de legislação, como o cumprimento de políticas e leis, além de situações adversas, como a capacidade de prever e lidar com escassez, pandemias, etc.
- Menos desperdícios e menos custos. Se os materiais são mais bem aproveitados, se há redução do consumo de recursos como água e luz, além de diminuir a conta de despesas financeiras, a empresa também diminui a conta do impacto ambiental.
- Reputação e relacionamento. Integrar uma agenda ESG potencializa reputação positiva e fortalece relacionamento com públicos conectados ao negócio. Colaboradores, por exemplo, tendem a ser mais engajados com empresas que geram valor para a sociedade para além da entrega de produtos e serviços.
- Inovação e novos negócios. A inovação relevante é um desafio no mundo em que tanto já foi criado. Empresas que inovam para reduzir impactos ambientais e promover maior equidade social através de seus produtos e serviços serão mais relevantes no mercado.
A construção de uma atuação forte e consistente nessa agenda traz inúmeras vantagens para um negócio, como fortalecimento de marca, boa reputação, retenção de talentos, redução de custos e riscos, maior capacidade de inovação, entre outros. Integrar o olhar da sustentabilidade associada à inovação, por exemplo, é cada vez mais uma questão de sobrevivência e inteligência, afinal já não faz sentido desenvolver novos produtos de maneira ética, que não considerem a redução do impacto ambiental negativo ou facilitem a inclusão social.
Quem cuida da agenda ESG dentro das empresas?
A jornada ESG de uma organização é transversal porque geralmente envolve diversos setores da empresa. Por isso precisa estar ancorada no engajamento de colaboradores, especialmente da liderança. Mas pode ser importante contar com estruturas específicas para dar tração à agenda.
Antes de mais nada, é preciso entender as estruturas que já existem e de que forma elas podem contribuir. E depois, avaliar quais as novas composições necessárias: uma nova área ou um novo comitê, por exemplo. A cultura de uma empresa, que inclusive pode estar em transição e evolução junto com a ampliação da pauta ESG, também é um forte direcionador.
A partir do modelo de gestão e governança que já existe, perceba onde estão as oportunidades de conexão, em comitês que já discutem temas relacionados à agenda, em áreas que já “puxam” a conversa.
As lideranças possuem um papel fundamental na condução das empresas em sua jornada para a sustentabilidade. A partir da consciência de um líder, de como ele estabelece relações e vínculos com seus times, é possível moldar a cultura de uma organização. E a confiança é a base para engajar. Times que confiam em seus líderes estão mais dispostos a contribuir e alcançar objetivos determinados.
Em resumo, a sustentabilidade sempre será um tema estratégico de alta gestão, que será operacionalizado por diferentes áreas da organização, e poderá contar com estruturas como comitês e áreas, para dar ritmo, gerir indicadores e estabelecer reportes de resultados. E para que tudo esteja em sincronia, o primeiro passo é criar uma matriz de materialidade, que orientará as escolhas do negócio e fundamentará a definição de um posicionamento sustentável.
Sustentabilidade é o presente e será o futuro
O debate sobre a agenda ESG no mercado como um todo tem sido um tema recorrente. Isso porque estudos e pesquisas mostram que as boas práticas ambientais, sociais e de governança estão diretamente relacionadas ao desempenho dos negócios. Conforme destaca Ana Buchaim, diretora-executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação e Sustentabilidade da B3, em entrevista para a Exame, “os investidores e os consumidores também passaram a cobrar cada vez mais posicionamento das empresas e a valorizar aquelas com bons indicadores ESG, seja na hora de consumir um produto, seja na hora de escolher um papel para colocar em seu portfólio de investimento”.
De maneira prática, é preciso entender que não há sustentabilidade de um lado e o desenvolvimento do negócio em outro. Integrar é a palavra e a ação chave para construir negócios verdadeiramente sustentáveis. Quando as empresas integram as lentes da sustentabilidade, passam a compreender que todas as escolhas do negócio geram impactos que precisam ser somados à conta final de riqueza geradas.
É por isso que podemos dizer com certeza que as empresas prósperas são aquelas em que as questões ambientais, sociais e de governança têm a mesma relevância que seus resultados financeiros, que demonstram consciência e responsabilidade nas escolhas de negócio e nas relações que estabelecem.
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