A economia circular mostra caminhos para lidar com as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade, ao mesmo tempo que lança um olhar para oportunidades de desenvolvimento, demonstrando ser possível prosperar econômica, social e ambientalmente, de maneira equilibrada e sustentável.

O modelo circular

Você já parou para pensar como funciona nosso modelo econômico atual? Resumidamente ele pode ser entendido a partir de um fluxo linear de extração e transformação de recursos, uso e descarte. Na prática, pegamos materiais da Terra, fabricamos produtos, usamos e, em muitos casos, jogamos “fora”. 

A economia circular traça uma nova forma de pensar a relação com o meio ambiente, sendo um movimento integrante das “novas economias”. Em um modelo de economia e sociedade circular, não existe o conceito de “lixo”, e os resíduos se tornam nutrientes para novos processos. Produtos e materiais já nascem com a premissa de serem reparados, reutilizados, compartilhados, atualizados ou reinseridos em novos ciclos, após o seu primeiro consumo ou uso.

A Ideia Circular, iniciativa de comunicação e educação no tema, define a economia circular como uma nova visão de mundo inspirada nos ciclos da natureza e que insere uma abordagem de abundância e resiliência para os sistemas humanos. Para transitar do sistema linear, que adotamos desde a revolução industrial, para o circular, as diferentes escalas de produtos precisam ser projetadas de forma intencional para os próximos ciclos. Este modelo é um grande convite para explorar a imaginação em processos criativos que buscam aproveitar ao máximo os recursos disponíveis. É ir além de minimizar ou reciclar, e sim reinventar e redesenhar os processos, com uma mudança sistêmica para gerar prosperidade no longo prazo, criando oportunidades e benefícios sociais, econômicos e ambientais.

O diagrama da borboleta

Para compreender a economia circular na prática, a Ellen MacArthur Foundation, instituição reconhecida no tema, propôs o chamado “butterfly diagram”, que ilustra o fluxo contínuo de materiais num modelo circular de extração, produção e consumo. Segundo o diagrama, existem dois ciclos principais – o técnico e o biológico. No ciclo técnico, os produtos e materiais são mantidos em circulação por meio de processos como reutilização, reparo, recuperação e reciclagem. No ciclo biológico, os nutrientes dos materiais biodegradáveis ​​são devolvidos à Terra para regenerar a natureza.

O futuro (e o presente) é circular

Já é possível identificar diversas iniciativas e negócios que integram ou mesmo nascem sob a ótica da economia circular, combinando não só impactos sociais e ambientais positivos aos seus resultados, como também uma contribuição relevante para a regeneração do ecossistema natural. Destacamos aqui três deles: Duna Lab, Badu Design e Retalhar. 

Duna Lab

O plástico é um dos maiores problemas ambientais. Alguns dados da WWF, 80% da poluição plástica nos oceanos é originada em terra; o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo; e apenas 1,28% do plástico é reciclado no nosso país.

É nesse contexto que nasceu o Duna Lab, um laboratório de design sustentável que busca repensar a relação com o plástico. Com sede em Florianópolis (SC), a iniciativa propõe um despertar da consciência sobre a poluição plástica através do design, transformando resíduos plásticos em produtos. 

O Duna Lab usa o poder de transformação do design para gerar soluções que têm um papel educativo, de conscientizar sobre os padrões atuais de produção e consumo, e promover maior consciência e equilíbrio nas relações com o meio ambiente. Confira mais sobre a iniciativa:

Badu Design

Com uma trajetória de quase 10 anos e uma rede de cerca de 800 mulheres, o Badu Design é um negócio de impacto socioambiental, com foco na economia circular, que atua na formação de mulheres em vulnerabilidade social, fomentando o empreendedorismo feminino. Todos os produtos são desenvolvidos a partir de resíduos industriais, trazendo o design na sua essência.

Com sede em Curitiba (PR), o modelo de negócio atua em três frentes: a comunidade, por meio da reconexão pessoal; a sustentabilidade socioambiental, com a ressignificação de resíduos têxteis; e a geração de renda, por meio do comércio justo.

Ariane Santos, fundadora e CEO da Badu Design, em entrevista para a Isto É Dinheiro, ressaltou que “ampliar olhares e ressignificar os olhares sobre a pobreza, descarte de resíduos e sobre os múltiplos desafios que as mulheres enfrentam para empreender, é o papel da empresa […] meu desejo era fabricar produtos manuais que alcançassem um propósito maior de impactar positivamente a vida das pessoas”.

Retalhar

Esta é uma empresa de impacto socioambiental que realiza a logística reversa de uniformes profissionais. A iniciativa adota os princípios da economia circular, gerando valor compartilhado ao transformar resíduo em recurso, em projetos personalizados para empresas que buscam soluções para o descarte de seus uniformes.

Com sede em Barueri (SP), a Retalhar possui certificação de empresa B, reconhecimento muito relevante na agenda de sustentabilidade. Além de possuir certificado de tripla garantia: todo o material passa pelo processo de manufatura reversa e descaracterização; gera renda para trabalhadores em situação de vulnerabilidade social; e gera impacto ambiental positivo.

O propósito da empresa evidencia a sua razão de existir, voltada à economia circular: “a Retalhar integra a vida têxtil ao utilizar o reaproveitamento de resíduos como ferramenta para valorizar as pessoas”. Ou seja, possui um modelo de gestão responsável de resíduos e geração de trabalho e renda, criando oportunidades através de parceria com cooperativas, valorizando e empoderando pessoas empreendedoras da cadeia têxtil.

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